Cannabis e Esquizofrenia

Introdução

O consumo de cannabis entre os jovens tem aumentado consideravelmente nos “países ocidentais”, especialmente nos anos 90, sendo o consumo desta substância mais comum do que o tabaco em alguns destes países. Os defensores da legalização do consumo da marijuana argumentam, essencialmente, que a inexistência de efeitos negativos, bem como o efeito terapêutico e as consequências da discriminação, provocadas pela ilegalidade, deveriam justificar a mudança do código penal, no sentido de tornar o consumo da cannabis legal. Os dois últimos argumentos usados pelos defensores da legalização não nos parecem de todo descabidos. Por um lado, existem fortes evidências do efeito terapêutico da marijuana relativamente a algumas doenças, e por outro sabe-se que a estigmatização tende a provocar dificuldades na integração social e consequentes problemas de comportamento.
Contudo, não só as empíricas evidências clínicas, como também diversos estudos, evidenciam a relação entre o consumo de cannabis e perturbações mentais posteriores (a esquizofrenia é uma das mais citadas), contradizendo o argumento da inocuidade desta substância, sendo este um dos fortes argumentos dos defensores da manutenção da ilegalidade do consumo. Por outro lado, devido às dificuldades metodológicas inerentes a estes estudos, existem ainda algumas dúvidas acerca da fiabilidade desta relação. Assim neste estudo pretendemos saber quais são as conclusões da investigação mais recente, sobre a relação entre o consumo de haxixe e a esquizofrenia e também as características clínicas da esquizofrenia relacionadas com este consumo.

A Cannabis

A cannabis (cânhamo indiano) é uma das plantas mais conhecidas e cultivadas pelo homem, desde da antiguidade. Originária, provavelmente, da Ásia Central, constituiu durante muito tempo uma importante riqueza agrícola e medicinal. A planta foi descrita cientificamente por Linné em 1753, sob a designação de cannabis sativa. Nesta