Caminhos e Fronteiras – Sergio Buarque
Nesse livro, o autor expõe a proposta de aculturamento às avessas. Em outras palavras, Sérgio sugere o aculturamento do português, e não do "negro" da terra, como eram chamados os índios. Essa atitude de aculturamento do elemento europeu ocasionou-se devido ao meio hostil e instável, que fez com que o português renunciasse a uma vida nobiliárquica e sedentária, assimilando os usos e costumes do gentio para sobreviver e, claro, acarretando um novo estilo de vida. Consequentemente, ao adaptar-se ao meio, o português desenraizou-se das tradições metropolitanas e tornou-se um ser muito mais maleável ao meio. Exemplo disso são as próprias expedições bandeirantes: sem condições de sobrevivência, os habitantes da terra lançavam-se às selvas e à serra para caçar o sustento e capturar índios. Tal mobilidade do povo paulista desenraizado, segundo Sérgio, promoveu uma interiorização territorial e o intercâmbio e rompimento das "fronteiras" técnicas e culturais, além de fornecer um produto peculiar responsável pelo pleno desenvolvimento da região. A atitude expressa pelo autor caracteriza o chamado "Mito da sociedade Bandeirante" – exaltação da figura bandeirante e das qualidades da sociedade paulista, fruto da miscigenação cultural que constituiu uma "raça especial".
O bandeirismo, movimento expansionista do Séc. XVII, foi impulsionado pela busca de novas riquezas nos sertões (índios e metais preciosos), devido a ausência de uma lavoura de porte capaz de atrair os interesses metropolitanos. Sérgio B. de Holanda salienta o sucesso de tais expedições de caráter restrito, não organizado e terrestre, atribuído à fusão entre o elemento gentio e o elemento português, a partir do qual nasce um produto: "a raça especial", o paulista. Da mestiçagem biológica formou-se o mameluco e da mestiçagem cultural surgiu uma sociedade peculiar (...) "Sabemos como era manifesta nesses conquistadores a marca do selvagem da raça conquistada. Em seu caso