caderno rosa de Lory Lamb

4370 palavras 18 páginas
XI Congresso Internacional da ABRALIC
Tessituras, Interações, Convergências

13 a 17 de julho de 2008
USP – São Paulo, Brasil

O meta-discurso em Lori Lamby: por que não se deve olhar para as estrelas
Doutoranda Tatiana Franca Rodrigues

Resumo:
“O caderno rosa de Lori Lamby” é a história de uma menininha de oito anos prostituída pelos pais e, ainda pior, que gosta de praticar o sexo é chocante para a maioria dos leitores. É exatamente a fim de pensar sobre a visão do senso-comum que a narrativa se disfarça neste perverso enredo, como se o narrador quisesse seduzir seus leitores para o que é periférico na composição da obra, a fim de provar que não somos capazes de perceber o que realmente importa, ou seja, que há uma outra narrativa: a de uma menininha que precisa ajudar o pai, escritor, a ganhar dinheiro, pois seu editor o avisa de que sua obra é demasiadamente complexa, por isso ordena que escreva umas
“bandalheiras”, porque o público leitor não é capaz de entender reflexões densas.
Palavras-chave: erotismo, obscenidade, mercado, valor, crítica.

Introdução:
“O caderno rosa de Lori Lamby” (2005) é um livro obsceno. A história, escrita em forma de diário, é o relato de uma criança de oito anos aliciada sexualmente pelos pais. Mas o que pode chocar de fato o leitor é o tom pueril dado ao testemunho porque Lori admite gozar o sexo e não vê absolutamente nenhum mal nisso. Além do mais, a garotinha justifica sua prostituição afirmando ser esse o meio possibilitador de suas realizações mais imediatas, como o desejo de possuir um quarto todo decorado de cor-de-rosa ou ter dinheiro, simplesmente. E ela admite gostar do dinheiro.
Para além do ato sexual em si, a obscenidade do livro é o tom natural dado por Lori ao seu relato. Contudo, se reconhecemos no livro seu potencial pornográfico, devemos ser cautelosos para não nos iludirmos com um engodo. “O caderno rosa” é obsceno somente na medida em que cria um jogo de cena: entre cena e (obs)

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