Burguesia

História 11º ano

* Mostrar como a ideologia liberal serve os interesses da burguesia.
A burguesia era uma classe quase descriminada pelos altos estratos da sociedade do Antigo Regime, nobreza e clero, por acreditar no trabalho como valor moral e fonte de riqueza. Ora, no séc. XIX, a burguesia chega ao poder e cabe-lhe a ela não voltar a “descer” socialmente. Para isso, adopta o liberalismo como ideologia política vigente e torna-a sua aliada: * o principal valor do liberalismo é a liberdade, associada ao individualismo, desconfiando do Estado, do poder e de todas as formas de associação – e daí a sua crença total na instituição que é o parlamento, no parlamentarismo e na Constituição, de forma a haver uma divisão de poderes, para que os Estados não possam governar apenas como bem entendem. Logo, entende-se aqui o fim do absolutismo, o fim dos reinados de déspotas, ou seja, o fim do poder do nobre e do clérigo; * o liberalismo não é democracia, uma vez que defende o voto censitário e não o universal – com isto, a burguesia afasta a ameaça que é o povo, a classe trabalhadora, o proletariado, que nada tem, com o argumento “só terás direito a participar na vida política se te mostrares capaz de produzir”.
Portanto, a ideologia política liberal serve os interesses da burguesia no poder: a proibição das associações penaliza muito mais os trabalhadores do que os patronatos; a posição social do indivíduo é determinada pelo lugar que este ocupa no processo produtivo; e primando-se a riqueza do trabalho e menosprezando a da herança, a aristocracia e o clero do Antigo Regime deixam de ocupar os altos estratos das sociedades. O que é um perfeito contra-senso, claro está, porque apesar da burguesia espalhar o mito do “self-made man” – aquele que enriquece devido ao trabalho, ao esforço, ao sacrifício, à força de vontade própria – a grande maioria dos empresários burgueses não começaram do zero, pois eram filhos de empresários, herdando as