BREVE INTRODUC A O A FILOSOFIA DE KANT
Immanuel Kant nasceu em 1724 e morreu em 1804 na cidade de Königsberg, na Prússia. Hoje, a cidade chama-se Kaliningrado, e é um território russo no meio da Polônia. Kant, porém, escreveu toda a sua obra em alemão. Diz a tradição que ele nunca saiu da pacata Königsberg, que em tradução livre significa “montanha do rei”. Para nós, esse fato parece surpreendente, afinal, está aí um grande filósofo que não conheceu nem o seu país. E de fato, este homem que levou a razão ao seu limite, talvez não precisasse viajar. Kant foi um precoce professor de Metafísica na universidade local, mas iniciou sua obra filosófica relevante somente aos 50 anos de idade. Além de não viajar, também não se casou (dizem as más línguas, depois de três negativas de moças locais); aparentemente, preocupava-se mais em estudar Aristóteles e realizar sua caminhada diária, na qual, segundo a anedota, era tão pontual que os habitantes de Königsberg acertavam seus relógios por ela. Mesmo assim, entusiasmou-se com a Revolução Francesa e construiu aquela que talvez tenha sido a mais importante obra filosófica da modernidade, a Crítica da Razão Pura (1787); não pelo fato de ser uma obra irrefutável, mas pela sua permanência na tradição; reivindicada por filósofos como Husserl e Habermas, e refutada por Hegel e Nietzsche, a obra de Kant segue sendo uma fonte de discussões essenciais que perduram até os debates contemporâneos.
A objeção de Hume O grande acontecimento para a trajetória filosófica de Kant foi certamente o contato com a obra do escocês David Hume. O filósofo cético colocou algumas questões que intrigaram Kant de uma tal maneira que ele colocou em cheque a validade da própria disciplina que lecionava, a Metafísica. O principal problema colocado por Hume foi o da causalidade. Parafraseando a questão de Hume colocada na Investigação sobre o Entendimento Humano (1748), 'o que é que me garante que o sol nascerá amanhã?' Para Hume, em verdade, é o hábito