Brasil e fmi - realidades e mitos
Freddy de Quadros Friske Ago/02
BRASIL -FMI: REALIDADES E MITOS
Gesner Oliveira **
Brasil - FMI em Perspectiva Histórica
Diferentes governos brasileiros negociaram inúmeros acordos com missões do FMI nas últimas décadas. O objetivo deste artigo é sugerir os seguintes pontos acerca da história das relações entre Brasil e FMI:
1.A influência de organizações multilaterais, e do FMI em particular, foi maior depois da crise da dívida dos anos oitenta do que nas décadas de cinquenta e sessenta; 2.Não se verifica na experiência brasileira uma relação simples entre a postura em relação ao FMI e o regime político; 3.O poder do FMI para impor mudanças na política econômica brasileira tem sido exagerado, obscurecendo a natureza da atuação desta instituição.
A primeira parte do trabalho contém uma retrospectiva dessa experiência, distinguindo quatro fases principais indicadas no Quadro 1. A fase inicial se estende da Conferência de Bretton Woods até a segunda metade dos anos cinquenta. A participação do FMI se tornou mais importante na segunda fase, durante o período de dificuldades de estabilização que vai de 1958 até meados dos anos sessenta. Superada a crise em 1967, o Fundo esteve praticamente ausente por mais de uma década, apenas voltando a exercer um papel central na política econômica brasileira com a crise da dívida externa no início dos anos oitenta. Conforme será indicado, tal influência sofreu modificações importantes após o Plano Brady de 1989, abrindo perspectivas de novo tipo de relacionamento do país no FMI. Na segunda parte do artigo procura-se fundamentar as proposições enunciadas no início.
I - As Relações entre Brasil e FMI
1 - Contatos Iniciais com o Fundo
O Brasil participou da criação do FMI na Conferência de Bretton Woods, em 1944. Contudo, o FMI não ganhou destaque