Branca de Neve- Pablo Beger

Na aula passada tivemos a oportunidade de assistir a intrigante releitura, feita pelo espanhol Pablo Beger, do clássico conto Branca de Neve.
O filme, além de chamar a atenção para sua visão cruel e mordaz da história, nos seduz pela sua estética. Filmado em preto e branco, sem falas, a obra abusa do cancioneiro popular espanhol fazendo com que a música seja uma das maiores responsáveis pela função de passar para o público as emoções da trama. A versão de Berger retrata de modo antropológico a cultura espanhola através de um dos mais tradicionais símbolos do país: a tourada.
A trama se desenvolve de modo sensível, e ao mesmo tempo cruel, em torno da sequência de tragédias que assolam a vida de Carmencita, a Branca de Neve espanhola.
Com a morte de sua avó materna, a pequena garota é obrigada a viver com sua manipuladora madrasta, uma mulher fria e extremamente narcisista, que não vê dificuldades em acabar com a vida de todos aqueles que, de alguma forma, possa atrapalhar a realização de seus objetivos.
Levando em consideração as atitudes da madrasta, podemos arriscar a aplicação de alguns conceitos presentes na obra "O Príncipe" de Maquiavel. O acidente com o pai da pequena Carmencita, assim como a morte de sua mãe, pode ser considerada a fortuna, a sorte, da madrasta pois esses acontecimentos trouxeram a grande oportunidade da vida de Encarna. Ao vislumbrar a chance de ser rica e poderosa, a vilã usa sua virtù para se casar com Villalta e tomar conta de seu dinheiro e de suas posses. Ela faz aquilo que é necessário no momento oportuno para alcanças seus objetivos. Através de uma postura de enfermeira atenciosa, ela conquista a confiança do renomado toureiro e, conquista também, um lucrativo casamento. Para manter o seu poder, Encarna não mede esforços para afastar a filha do toureiro de sua fortuna, fazendo com que Carmencita se submeta à suas regras através do medo e não do amor.
Apesar de retratar a Espanha toureira de 1920, o filme desenvolve temas