Bourdieu

O filme apresentado por Rosálio Genta Lugli, nos mostra a preocupação de Pierre Bourdieu na forma como o indivíduo é tratado pelos sistemas institucionalizados. Pensando nisto, Bourdieu ressalta o Capital Cultural que tem estreita ligação com a família, sendo que o sucesso ou insucesso escolar teria explicação justamente na herança cultural. Desta forma, gostos, maneira de agir, costumes influenciariam no tratamento do discente. Logo, uma criança que cresce em um lar que lhe oferece diversos estímulos (quadros, música, poesia etc.), provavelmente terá um melhor rendimento do que outra criança que não teve acesso aos mesmos estímulos. Este fato é uma resposta para a questão que vemos ano após ano: muitas crianças entram no sistema educacional porém, poucas conseguem chegar ao ensino superior. É evidente que em uma cultura como a nossa, marcada pelas desigualdades, nem todas as famílias têm condições de oferecer uma bagagem cultural rica a seus filhos. Tal afirmativa determinará que os que possuem mais condições, origem social superior, atingirão maior êxito escolar, pois já adquiriram parte deste conhecimento em casa, com a família.
Vemos que a escola, que deveria ser democrática, acaba reforçando a desigualdade cultural de seu público. O sistema de ensino cobra de todos, igualmente, aquilo que nem todos possuem e desconsidera as diferenças determinadas pela origem social. O sistema educacional transmite uma cultura legítima, refinada e espera que todos sejam capazes de reter o que ali é exposto. Então, espera-se que o ensinado seja familiar para o indivíduo e quando a criança não atende ao que é esperado e não consegue aprender o que lhe é ensinado, esse ser é deixado de lado, sem que se leve em consideração que ele possa ter recebido um capital cultural empobrecido. Assim, surge a violência simbólica que é determinada quando algo é reconhecido como melhor que o outro. A violência simbólica não é representada por violência física, mas pela imposição de valores,