Boaventura – Os desafios das ciências sociais hoje

Boaventura – Os desafios das ciências sociais hoje
Boaventura – Os desafios das ciências sociais hoje

Em seu texto o argumento principal do autor é criticar as teorias provenientes das ciências sociais, principalmente no Brasil, pois estas foram criadas por outros países em outros momentos históricos, meados dos séculos XIX e XX, através realidades e experiências bem distintas da nossa e por isso os conceitos adotados aqui não podem ser os mesmos, pois a busca por enfrentar nossos desafios e solucioná-los devem partir de nossas especificidades internas. Essa postura é similar à de Caio Prado, no que tange a necessidade de analisar a nossa própria realidade para realmente entendê-la e poder superar seus desajustes.
Juntamente com essa conclusão de que os conceitos aqui utilizados são inadequados por questões históricas, o autor conclui também que ao fazê-lo estaríamos reproduzindo teorias monoculturais e ocidentais, que não admitem outras realidades; além disso, a questão do colonialismo, presente em tantos outros países, principalmente os “países do sul”, não seria levado em consideração, o que gera uma significativa discrepância com a realidade, pois este foi um fenômeno de extrema relevância na constituição dessas nações.
Ainda segundo Boaventura, a razão moderna, chamada por ele de razão indolente, isto é, uma racionalidade que toma a parte como sendo o todo, assume como válido somente o conhecimento científico, as classificações de superioridade e inferioridade como lógicas naturais, o tempo como linear com um único sentido e direção, a racionalidade ocidental como universal e global e somente importando na sociedade o que é produtivo. Este fato, gera ausências, ou seja, realidades invisíveis por trás das distinções visíveis e que fundam a sociedade, não nos deixando a possibilidade de contemplar a sociedade tal como ela.
Já com relação ao conhecimento e o direito moderno, estes seriam instrumentos na criação de abismos entre as teorias e a