Bióloga

Chimpanzés e sua Farmácia

A observação dos grandes macacos indica que eles costumam se automedicar contra uma serie de doenças. As plantas utilizadas mostram surpreendente atividade antimicrobiana e anticâncer e podem dar dicas valiosas sobre novos remédios.
O mundo vegetal representa uma grande fonte de moléculas para a farmacopéia ocidental; Os princípios ativos provêm de vegetais, produtos marinhos ou microrganismo.
Atualmente, muitas das doenças não têm cura, ou são tratadas de maneira deficiente. Entre as 500 mil espécies de plantas de nosso planeta, apenas entre 5% a 10% foram exploradas em suas propriedades biológicas ou químicas. Devido ao alcance gigantesco dessa tarefa e á urgência de encontrar novas moléculas para lutar contra numerosas doenças ainda sem cura. Alguns farmacologistas se baseiam em pesquisas etnológicas, mas encontram dificuldades: os curandeiros se recusam a lhes passar suas receitas, não descrevem os sintomas da mesma maneira que os médicos ocidentais. È por todas essas razões que propomos uma alternativa, baseada no comportamento dos grandes macacos.

Curandeiros Primatas

Muitos estudos mostram que os animais evitam os vegetais mais tóxicos, mas certos etólogos (estudiosos do comportamento animal) acham difícil admitir que eles consumam plantas para curar suas doenças. Durante os quatros últimos anos, realizamos observações que nos autorizam a pensar que grandes macacos, quando apresentam certos sintomas adotam alimentação particular. O grande objetivo desse trabalho e determinar se as plantas consumidas pelos chimpanzés possuem moléculas que possam conter propriedades terapêuticas para uso humano.
Em 1977, Richard Wrangham, da Universidade Harvard, descreveu um comportamento curioso entre os chimpanzés de Gombe, na Tanzânia: ás vezes, eles engolem sem mastigar as folhas rugosas e cobertas de pêlos da Aspilia mossambicensis, uma planta herbácea. Em vez de arrancar um galho, tirar todas as folhas de uma só vez com a mão e