Biocombustivel

ARTIGO
Ignacy Sachs1*

Os biocombustíveis estão chegando à maturidade

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DEMOCRACIA VIVA Nº 29

Quando Rudolph Diesel apresentou seu motor na Exposição Universal de Paris no ano de 1900, ele era movido a óleo de amendoim. Após mais de um século, os biocombustíveis estão chegando à maturidade em resposta a uma conjunção de três fatores: • os preços voláteis e crescentes do petróleo, estimulados por evidências cada vez maiores de que, em cerca de duas décadas, a produção de petróleo atingirá seu pico, e o esgotamento das reservas será acelerado;2 • as incertezas e os perigos da geopolítica do petróleo, os custos tremendos para manter abertas as linhas de suprimento às potências industriais que dependem das importações de petróleo e, em conseqüência, o alto prêmio de risco sobre o óleo; • por último, porém não menos importante, a necessidade imperativa de abandonar, tão rápida e completamente quando possível, os combustíveis fósseis para reduzir as emissões dos gases estufa, se quisermos evitar mudanças climáticas catastróficas. Ainda que fossem plenamente implementados, os objetivos do Protocolo de Quioto cortariam as emissões, na melhor das hipóteses, em somente um décimo do necessário.

Quanto substituir e a que velocidade?
Estou confiante de que, em algumas décadas, será possível realizar a substituição total da gasolina pelo etanol e uma substituição parcial, porém significativa, do diesel pelo biodiesel. Com a expansão do mercado global desses novos produtos primários, as reservas de petróleo em processo de esgotamento seriam utilizadas como fonte de matéria-prima para as indústrias petroquímicas.

No entanto, essa substituição deve ser acompanhada de um esforço para aprendermos a produzir mais com menos insumos de materiais e energia. O livro Fator quatro (Weizsacker, Lovins e Lovins, 1998) postula a duplicação do Produto Nacional Bruto (PNB) mundial, cortando pela metade os insumos. Ashok Khosla e um grupo de eminentes ecologistas propuseram