Behring
Lúcia Maria Wanderley Neves((
Pretendo neste artigo apresentar duas teses para discussão. A primeira afirma que as políticas sociais no mundo contemporâneo vêm se constituindo em instrumento fundamental na difusão de uma nova pedagogia da hegemonia do capital. A segunda afirma que as políticas sociais no Brasil de hoje, na condição de difusoras de uma nova pedagogia da hegemonia, têm por objetivo consolidar entre nós um novo padrão de sociabilidade, por meio da disseminação da ideologia da responsabilidade social.
As políticas sociais e a difusão de uma nova pedagogia da hegemonia
A nova pedagogia da hegemonia consiste em uma série de formulações teóricas e de ações político-ideológicas utilizadas pela burguesia para assegurar, em nível mundial e no interior de cada formação social concreta, a dominação de classe, a partir da redefinição de seu projeto de sociedade e de sociabilidade para os anos iniciais do século XXI.
A nova pedagogia da hegemonia consubstancia uma estratégia de legitimação social do capital depois que as receitas preconizadas pelo “Consenso de Washington” para retomada do crescimento econômico e redução das desigualdades sociais na década de 1980 e anos iniciais dos anos de 1990 mostraram-se insuficientes para assegurar a coesão social no capitalismo neoliberal, tornando imprescindível uma redefinição das estratégias de busca do consenso (NEVES, 2005).
Essas novas demandas do capital nos anos finais do século XX exigiram do Estado capitalista um novo formato no seu papel educador, de modo a permitir a viabilização de um processo de mudança no padrão de politização das sociedades contemporâneas.
Processou-se tal redefinição por meio de um variado e complementar movimento de repolitização da política inspirado nos postulados e práticas do que se convencionou chamar de “reinvenção da democracia” ou de “democratização