Bearbourg

17078 palavras 69 páginas
OS DOIS LADOS DA ARQUITETURA
FRANCESA PÓS-BEAUBOURG

Otília Beatriz Fiori Arantes

1. Geração Beaubourg, frente e verso
Desde a construção e o surpreendente êxito de público e crítica do Beaubourg, a França vem se empenhando em reassumir o lugar de Capital Internacional da Cultura. Em todo o século, os investimentos na área nunca foram tão vultosos. Simples ampliação — apenas mais aparatosa do que de hábito — do setor de serviços numa sociedade afluente? De qualquer modo não é usual esta subversão de prioridades num Estado capitalista, sobretudo num momento de crise generalizada. Trata-se, seguramente, de uma reorganização do capitalismo em outras bases, sobre as quais ainda pouco se sabe, e de cuja estratégia talvez faça parte uma tal reconversão. Não é de hoje que o Centro Pompidou subiu à cabeça dos dirigentes franceses, mas se deve sobretudo à administração socialista, que chegou ao poder em
1981, a clara intenção de levar às últimas conseqüências as implicações daquele achado. Mal empossado, Mitterrand anunciou um pacote de grandes obras orçado em 3 bilhões de dólares (cifra hoje inteiramente ultrapassada), mais outro tanto destinado à Exposição Universal planejada para abrigar as comemorações do bicentenário da Revolução Francesa. Este último "Grand Projet" resistiu algum tempo mas finalmente foi cancelado. Ficaram de pé: o término das obras do Museu d'Orsay (inaugurado em dezembro de 86) e das edificações do Parque de La Villette; o arco-monumento da Tête de La Défense; a Ópera da Bastille, a transferência do Ministério das Finanças para o Quai de Bercy; o Instituto do Mundo Árabe (IMA), às margens do Sena (inaugurado no ano passado); a reconstrução do Teatro do Leste
Parisiense; uma monumental sala de rock em Bagnolet (provisoriamente suspensa); o aménagement da Montagne Ste. Geneviève e, finalmente, a mais grandiosa
KKLK
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Rogers e Piano — Centro Georges Pompidou
(Beaubourg), 1977
(detalhe)

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