Atividade colinesterásica cerebral e comportamento de ratos após exposição perinatal ao diclorvós
Atividade colinesterásica cerebral e mar-abr, 2006
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ISSN 0103-8478
Atividade colinesterásica cerebral e comportamento de ratos após exposição
perinatal ao diclorvós
Brain cholinesterase activity and the behavior of rats after perinatal exposure to dichlorvosJaqueline Pérola de Souza1 Gustavo Milhomens Nogueira2 Maria Isabel Mataqueiro3
Antonio de Queiroz-Neto4
RESUMO
offspring, when evaluated in the open field, nor anxiety in the
elevated plus-maze, both evaluated on the 35th postnatal day.
O organofosforado diclorvós impregnado em
coleiras plásticas é um recurso utilizado em medicina veterinária
que visa ao controle de ectoparasitas de cães egatos. O objetivo
deste trabalho foi avaliar os efeitos do uso de coleiras plásticas
impregnadas com diclorvós (8,37%) em ratas Wistar durante
o período de gestação e lactação, como possível fonte de
alterações comportamentais e da atividade colinesterásica
cerebral dos filhotes. Na desmama, não houve diferença na
atividade colinesterásica cerebral entre as mães tratadas com
diclorvós e ogrupo controle, bem como entre os respectivos
filhotes. O tratamento com diclorvós também não influenciou
no comportamento geral dos animais, avaliado no campo
aberto, nem no nível de ansiedade testado no labirinto em cruz
elevado, ambos aos 35 dias pós-natal.
Palavras-chave:
2,2-diclorovinil
dimetil
fosfato,
neurotoxicologia do desenvolvimento,
coleira antipulga, campo aberto,labirinto em cruz elevado.
ABSTRACT
The organophosphate dichlorvos impregnated into
plastic collars (8.37%) is used in veterinary practice as an
alternative for the control of ectoparasites in dogs and cats.
The aim of this work was to determine the possible toxic effects
of these collars in female Wistar rats during pregnancy and
lactation, as a possible cause of alterations in braincholinesterase activity and behavior of offspring. At weaning,
there was no difference in brain cholinesterase activity between
control and treated dams, nor between their respective offspring
as well. The treatment did not affect the general behavior of the
Key
words:
2.2-dichlorovinyl dimethyl phosphate,
developmental neurotoxicology, flea collar,
open field behavior, elevated plus-maze.INTRODUÇÃO
O composto 2,2-diclorovinil dimetil fosfato
(DDVP), conhecido como diclorvós, é um
organofosforado de elevada atividade praguicida, e por
isso empregado como inseticida em formulações que
utilizam sistemas de liberação lenta, como a impregnação
a coleiras plásticas de cloreto de polivinila (PVC).
Comercialmente o diclorvós tem sido produzido desde
1961 e utilizado no controle demoscas, mosquitos,
baratas, pulgas, carrapatos entre outras pragas (WHO/
IPCS, 1989). Experimentos controlados com coleiras
impregnadas com diclorvós demostraram a eficiência
desta preparação no combate a pulgas em cães e gatos
(KIBBLE, 1968; FOX et al.,1969).
Embora publicações científicas relatem sua
eficácia como anti-parasitário, pouco é conhecido a
respeito do potencial destaapresentação de diclorvós
como fonte de incapacidades neurocomportamentais
decorrentes de sua interferência no desenvolvimento
cerebral. LAZARINI et al. (2004) avaliaram variáveis
Curso de Ciências Biológicas, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), Universidade Estadual Paulista (Unesp),
Campus de Jaboticabal, Jaboticabal, SP, Brasil.
2
Faculdade de Medicina Veterinária eZootecnia de Garça, SP, Brasil.
3
FCAV, Unesp, Campus de Jaboticabal, Jaboticabal, SP, Brasil.
4
Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, FCAV, Unesp, 14884-900, Jaboticabal, SP, Brasil. E-mail:aqueiroz@fcav.unesp.br.
Autor para correspondência.
1
Recebido para publicação 30.05.05 Aprovado em 28.09.05
Ciência Rural, v.36, n.2, mar-abr, 2006.
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Souza et al.
comportamentais...
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