Assassinos por Natureza e o gênero sensacionalista
O jornalismo tido como sério não é o único noticiário a ocupar a programação televisiva brasileira. Existe uma outra espécie de jornalismo (revistas, jornais e telejornais) no mercado editorial que foge aos padrões normais: é o chamado sensacionalista, ou popularesco. O gênero, no seu estilo e forma, tende a explorar a violência, o extraordinário, o fait divers, o anormal. Extrai do fato, da notícia, a sua carga emotiva e apelativa e a enaltece, usando linguagem e imagens chocantes que prendem a atenção do público. Quase fabrica uma nova notícia que passa a se vender por si mesma. Nesse gênero de jornalismo, o mais importante é a manchete, que faz o leitor ou telespectador ler ou assistir (comprar) apenas por atração, por sensação, por impacto, por curiosidade despertada, uma vez que o desenvolvimento da matéria não acrescentará nada além daquilo que já foi anunciado. As matérias têm o tempo e a duração que forem necessários, desde que mantenham o receptor interessado naquilo que é mostrado, garantindo a audiência. Entretanto, não se pode negar, que nesse gênero de jornalismo, a informação não esteja presente, nem tampouco, deixar de admitir que o jornalismo tido como sério, esteja completamente livre de assumir características tipicamente sensacionalistas.
2. Sensacionalismo no telejornalismo
O gênero sensacionalista parece ter se enraizado na imprensa desde seus primórdios. As análises sobre a origem da imprensa na França e nos Estados Unidos mostram que o sensacionalismo já estava presente (Cf., Angrimani, 1995:19). A Gazette de France, publicada em 1631, se parece muito com os jornais sensacionalistas de hoje. Antes dela, os occasionels, folhetins, impressos em caracteres góticos, sobre um papel de baixa qualidade com ilustrações, eram procurados porque publicavam assuntos criminais e desastres. No século XIX, as pessoas que faziam os jornais saíam às ruas gritando as manchetes de cunho sensacionalista. O