AS SEDUÇÕES DO NARRADOR EM MISSA DO GALO, DE MACHADO DE ASSIS

AS SEDUÇÕES DO NARRADOR EM MISSA DO GALO, DE MACHADO DE ASSIS

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RESUMO: Pretendemos, neste trabalho, analisar as articulações retóricas e os jogos de sedução que o narrador de Missa do galo, de Machado de Assis, estabelece com os seus leitores. Deste modo, ao forjar ingenuidade e uma pretensa inocência acerca de certos acontecimentos passados, que tocam à atmosfera de desejo e sedução que imperavam no cenário principal do conto, verificamos o predomínio do nível intradiegético, o qual supõe uma ampla consciência por parte do narrador. Contudo, paradoxalmente, assistimos aos esforços do narrador para demonstrar sua pretensa ingenuidade sobre os fatos narrados. Nesta narrativa de ficção os aparatos retóricos apontam para a construção de efeitos de sentido variados na linguagem literária que, desta forma, conseguem manter um forte arrebatamento do leitor/narratário, tornando-o tendente a acatar o ponto de vista oferecido pelo narrador. Logo, o rumo da narrativa se dá pela condução do narrador, que aliada às curiosidade e expectativas do leitor segue um rumo para satisfazer as ansiedades e os esclarecimentos dos desejos sexuais presentes no imaginário dos que estão envolvidos. Assim, Machado de Assis, trata, com maestria, das relações sexualizadas presentes entre as personagens e o mascaramento pela sociedade, que impõe a conduta de como devem agir seus membros.

Palavras-chave: Machado de Assis. Missa do Galo. Narrador-sedutor.

INTRODUÇÃO

Em Missa do galo inferimos a instauração de um jogo de sedução duplamente estabelecido: aquele que se passa diretamente na narrativa, envolvendo as personagens Dona Conceição e Nogueira, que é o narrador do conto; e outro, que ultrapassa o plano narrativo, envolvendo o narrador e o leitor.
Este último tipo de sedução deve-se ao fato de que o narrador procura atrair o leitor no sentido de torná-lo álibi, que coadune com o seu ponto de vista, corroborando, assim, sua insinuação de que