As interfaces do cuidar e educar na Educação Infantil

As interfaces do cuidar e educar na Educação Infantil

Débora Apª da Silveira1

Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é o pai do homem. Se isto é verdade, vejamos alguns lineamentos do menino.
Machado de Assis – Memórias Póstumas de Brás Cubas

RESUMO

Este artigo tem o objetivo de buscar entender a relação existente entre o cuidar e educar na Educação Infantil. Esta fase da educação historicamente foi percebida como guarda e cuidado da criança, não tendo caráter pedagógico. No entanto, as legislações vigentes hoje no Brasil apontam para uma diferente concepção de Educação Infantil. E, para entender tais interfaces: cuidar e educar, foi necessário fazer uma pequena passagem pela história desse nível da educação, compreendendo as práticas assistencialistas e compensatórias e abordar conceitos de aprendizagem infantil.

Palavras-Chave: Educação Infantil, educar, cuidar, desenvolvimento.

A Educação Infantil, como fato da educação, expressa sempre em seus objetivos e nas suas práticas, as condições da produção da vida humana em cada época e em cada sociedade.
Isto explica, o fato de que na época do surgimento das instituições de educação infantil, no século XVIII, na Europa, tiveram como função a assistência e guarda da criança, pois se impunha a necessidade do atendimento desta para a liberação da mulher para o trabalho na indústria que emergia, e ainda, via-se a criança como um ser primitivo, irracional, não-pensante.
Esta época também vem marcar o início de uma preocupação específica com a infância. É aí surge a idéia de infância e de sua especificidade, o que não tinha sido ainda levado em consideração até a Idade Média.
No auge da revolução industrial, aparecem também novas necessidades para o ensino: era preciso substituir o