As enfermas da razão

11170 palavras 45 páginas
INTRODUÇÃO

A questão da alienação mental na cidade do Rio de Janeiro ganha notoriedade nos anos 30 do século XIX, com o movimento de alguns médicos em prol de uma medicalização da loucura. Até então, a reclusão dos “lunáticos”era mais uma iniciativa dos juízes e das famílias do que dos médicos.
A criação das “casas de loucos” ou hospícios sob administração leiga destinados aos casos mais agudos, cuja loucura impedisse o convívio social, só surgiu nos anos 50. A questão de segregar os doentes mentais foi reforçada por uma nova fé na medicina e pelo sonho da cura. Os doentes, alegavam os médicos, deviam ser confinados porque novas técnicas de tratamento lhes dariam bem-estar. Recebendo tratamento adequado, suas faculdades mentais seriam restauradas e seu comportamento retificado, e, uma vez curados, poderiam ser devolvidos à sociedade.
Entretanto, foi nos anos que marcaram o fim do Império e o começo da República, que a psiquiatria como campo autônomo floresce. Ocorreram varias mudanças no âmbito do tratamento da alienação mental e a intensificação da atuação dos médicos. Nesse período, varias instituições asilares foram criadas no Brasil.
A consolidação da psiquiatria e a prática de internação nos hospícios ocorreram exatamente no mesmo momento em que as normas do trabalho industrial e a nova moral burguesa se instauravam. A partir daí difundiu-se a concepção da loucura entendida como doença mental, configurando-se assim uma reestruturação do espaço cultural, no qual o normal passava a ser o comportamento que se adaptava à realidade burguesa e que estava ligado a uma reformulação do conjunto das práticas médicas.
Assim, muitas mulheres e homens, que não se adaptassem ao padrão social de comportamento, eram colocados sob controle psiquiátrico, sendo confinados em manicômios. Porém, os motivos que levaram homens e mulheres ao internamento nas primeiras instituições asilares foram muitos e diversos. O que fazia uma mulher ser considerada louca era

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