Artigo oreiro
José Luís Oreiro1
Resumo: Este artigo tem por objetivo rediscutir a natureza da posição de equilíbrio com desemprego apresentada por Keynes na sua Teoria Geral à luz dos debates recentes em teoria macroeconômica, em particular, os debates entre James Tobin e Paul Davidson. Nesse contexto, iremos argumentar que (i) o modelo apresentado por Keynes na sua Teoria Geral não é um modelo com preços fixos, mas sim um modelo com preços flexíveis, o que significa dizer que não é válida a tese de que sua macroeconomia se caracteriza por uma suposta inversão da velocidade de ajuste entre preços e quantidades; (ii) o modelo de Keynes pressupõe rigidez da taxa nominal de salários ao longo de um dado período de produção, ao mesmo tempo em que admite flexibilidade (limitada) da taxa nominal de salários ao longo de uma seqüência de períodos; (iii) os efeitos dinâmicos da deflação dos salários nominais são, via de regra, desestabilizadores; e (iv) os efeitos dinâmicos da deflação dos salários nominais são, per se, incompatíveis com a definição de uma posição de equilíbrio com desemprego. Como corolário dessa argumentação segue-se que a essência da revolução Keynesiana deve ser buscada no campo da dinâmica econômica, ou seja, trata-se de uma demonstração da incapacidade do sistema de preços de produzir trajetórias não-explosivas para o sistema econômico. Palavras-chave: Keynes; equilíbrio com desemprego; flexibilidade de preços; salários nominais.
The debate on the nature of equilibrium in Keynes´ General Theory
Abstract: The nature of the equilibrium cum unemployment presented by Keynes in his General Theory is discussed in light of recent debates in macroeconomics. Special attention is paid to the views of James Tobin and Paul Davidson. As a
1 Doutor em Economia pelo IE/UFRJ, Professor do Departamento de Economia da UFPR e Pesquisador do CNPq. E-mail: joreiro@ufpr.br. Sítio: