Artigo EEBA
Luciane de Paula[1]
David de Almeida Isidoro[2]
A arte não se limita à inspiração. Há todo um processo de organização e planejamento realizado pelo “eu” (autor-criador) para que ela se encontre finalizada[3] e, depois disso, reorganizada no ato de leitura pelo “outro” (público) para que faça sentido.
Durante o momento de produção de uma obra, o autor-criador[4]possui um projeto arquitetônico e, para cumpri-lo, utiliza alguns elementos sígnicos[5] formais, de conteúdo e de estilo (elementos composicionais do gênero), organizados de determinada maneira em sua obra (seu discurso), para construir um efeito de sentido determinado.
Além dos elementos artísticos condutores de dizeres (escolhidos pelo autor-criador no momento de produção de seu discurso), é necessário pensar nos meios pelos quais o discurso estético circula para alcançar seu público alvo, bem como na recepção desse discurso por um “outro” contemplador ativo e responsivo que, de certa forma, re-produz a obra estética de acordo com sua vivência, uma vez que o discurso é semiótico[6] e o discurso estético, representação da vida em arte[7].
Assim, o autor-criador pensa nos elementos que utilizará em sua produção estética considerando também o “outro” (personagens e leitor ideal) produzido em seu enunciado estético, na recepção de seu discurso por um “outro” “real” e responsivo (seu público leitor), bem como na veiculação de seu discurso, também realizada por “outros”, mediadores (professores, mídia etc).
Os elementos (forma, conteúdo, estilo) utilizados para compor a obra, de certa maneira, selecionam o interlocutor[8] do objeto artístico produzido, uma vez que sempre “eu” componho “meus” discursos para um “outro”. Por isso, a escolha realizada pelo autor para a composição de sua obra de determinado material (léxico, cor, som, etc), de determinado tema (conteúdo), trabalhado de