Artigo Eduardo Mykele

2530 palavras 11 páginas
IMAGENS DO ESTRANGEIRO E FORMAÇÃO DA ARISTOCRACIA BAIANA NA POESIA DE GREGÓRIO DE MATOS (1636 -1696)

Carlos Eduardo Silva Pinheiro. eduardopinheiro@aluno.unilab.edu.br 1
Maria Mykele Alves Dodo. mykelealves@aluno.unilab.edu.br 2

RESUMO: o objetivo deste artigo é analisar, através de uma leitura analítico-interpretativa de base imanentista, as representações do estrangeiro português na Bahia do século XVII no poema Descreve com mais individuação a fidúcia com que os estranhos sobem a arruinar sua república, de Gregório de Matos Guerra (1636 -1696). Para tanto, considerou-se as características sócio-histórico-culturais da Bahia seiscentista (TAVARES, 2008) e as particularidades do lirismo satírico do barroco brasileiro (HANSEN, s/d). Este estudo se justifica pela necessidade de se compreender a posição enunciativa do poeta baiano em relação aos privilégios do colonizador estrangeiro em contraste com a condição subalterna da população autóctone. Os resultados mostraram que, na obra, o eu-lírico fala de um lugar enunciativo identificado com o menosprezo do estrangeiro, que, segundo ele, sai da metrópole como subordinado e conquista, em terras brasileiras, prestigio e fortuna por meios fraudulentos.

PALAVRAS-CHAVE: Gregório de Matos; lírica satírica; Bahia; século XVII.

INTRODUÇÃO

Gregório de Matos Guerra (1636-1696), famoso poeta baiano, recebe a alcunha de “Boca do Inferno” devido aos seus polêmicos versos eróticos e satíricos, estes últimos direcionados à crítica de algumas pessoas e costumes vigentes na Bahia do século XVII. [Adicione as informações: filho de família abastada, católico, letrado etc.]
Nesse trabalho, decidimos nos debruçar, especificamente, sobre sua lírica satírica na qual o poeta denuncia os problemas político-sociais de sua época: “Utilizando-se de pitorescos jogos de palavras e de grande malabarismo verbal, realiza uma crítica irreverente aos costumes da Bahia colonial, que recebe, em seus poemas, o carinhoso tratamento de Senhora

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