Análise sistêmica do filme Shine

Falar em família é sempre algo um tanto quanto complexo, já que para tal é necessário que se possua uma visão global e estruturada daquele sistema e do modo como ele se desenvolve. Dessa forma, para ser possível a compreensão do sistema família, é preciso que haja uma exploração das relações interpessoais e de tudo aquilo que rege aquele grupo, como por exemplo, normas determinadas por diversos fatores, como cultura e religião. Ficando ciente de tais fatores, é possível uma maior compreensão de certos comportamentos exercidos pelos membros da família. O comportamento de cada um dos membros da família não pode ser separado do comportamento dos restantes, e tudo aquilo que acontece naquele grupo afeta todos os seus membros. Sendo assim, é interessante a análise não só da família como um todo, como também o comportamento individual de cada membro, assim como o contexto em que tais comportamentos ocorrem.
Começamos então a falar sobre o filme Shine. A família do protagonista, David, é organizada de forma paternalista. Ou seja, há uma figura masculina que, de certa forma, “manda” em todo o funcionamento familiar. O sistema da família é fechado, como é retratado em algumas cenas. Por exemplo, o pai (Peter) não permite que sua filha mais velha receba visitas em casa. Peter também não permite que David possua relações externas, como quando ele é abordado por uma garota e o pai o tira da conversa alegando que ele tinha uma pessoa importante para conhecer. Peter não aceita interferências vindas de pessoas que se encontram fora do sistema. Com o relacionamento de David com o pai, fica claro qual é o papel do garoto no grupo: ele é considerado sortudo por ter uma família, e como forma de agradecimento, deve cumprir seu papel se submetendo a todas as vontades de seu pai. Já o papel de Peter consiste em ser aquele membro responsável por proteger a integridade da família, a privando de correr riscos. Outra característica do padrão familiar da família de David são as crenças