Análise do poema “Soneto” de Fagundes Varela

Análise do poema “Soneto” de Fagundes Varela

Fagundes Varela (1841-1875), foi um poeta que situou-se num período de transição entre a segunda e a terceira fase do romantismo no Brasil. A segunda fase romântica tem como característica o pessimismo, o gosto pela morte e referências à natureza. No poema "Soneto", Varela utiliza-se de um dos temas recorrentes em sonetos, o sentimentalismo. A descrição dos sentimentos segue de acordo com as características românticas, tais quais o pessimismo e as referências à natureza, de forma idealizada, perfeita. Além disso, o poeta também aplica em seu soneto o subjetivismo, característico do romantismo, que consiste na expressão dos próprios sentimentos na temática do poema. Há também o exagero nas sensações, visando melhor explicar uma emoção ou intensificar esse sentimento.
No poema, Fagundes Varela usa elementos da natureza para descrever o que ele sente, de maneira complexa e elaborada. O eu lírico descreve a natureza como algo belo, perfeito, todavia, usa adjetivos que passam tristeza e fragilidade, como por exemplo no terceiro e quarto versos, “E doce a brisa no arraial das flores/Lânguidas queixas murmurando corre.” (Fagundes Varela, Domínio Público).
O soneto analisado trata de sentimentos, da emoção, assim como é comum nesse tipo de poema. Pode-se ver o exagero e o sentimentalismo no oitavo verso, quando o eu lírico diz “Nas verdes balsas donde o orvalho escorre.” (Fagundes Varela, Domínio Público), para descrever uma folha molhada pelo orvalho, sugerindo a complexidade dos sentimentos.
Na primeira estrofe, o eu lírico descreve o alvorecer e a brisa da manhã, que é doce e doentia ao mesmo tempo. Já nessa estrofe, podemos perceber que a descrição das coisas acontece de forma paradoxal: é tudo belo, mas de certa forma, triste.
O eu lírico continua a descrever a natureza na segunda estrofe, ele fala das borboletas, das rolinhas, sempre ressaltando a beleza natural através do exagero