Análise do poema: transforma-se o amador na cousa amada

395 palavras 2 páginas
Análise do poema:
Transforma-se o amador na cousa amada
Luís de Camões
Transforma-se o amador na coisa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada

Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está ligada.

Mas esta linda e pura semidéia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim como a alma minha se conforma,

Está no pensamento como idéia;
O vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.

Neste soneto, há a comunhão amorosa de almas. Se não há ligação de almas, não há amor. Pelo pensamento, o apaixonado ("o amador") se transforma na "cousa amada", composta de corpo e espírito ("linda e pura semideia").
Camões termina o primeiro quarteto tirando a conclusão óbvia: se há posse, deveria acabar o desejo.Pois,como desejar aquilo que já possui? O segundo quarteto levanta uma objeção. O desejo continua. Afinal, o “amador” não é uma pura alma, mas também um corpo. Os dois quartetos configuram a concepção platônica do Amor. O poeta idealiza e imagina tanto a amada, que já a tem em si mesmo, como ideal, que se personifica no seu sentimento amoroso e ganha realidade dentro do próprio poeta. Aquele que ama se transforma na amada, de tanto idealizá-la; logo não tem mais o que desejar, pois já tem em si mesmo a ideia do ser que deseja. O primeiro terceto faz uma ressalva esclarecedora: por mais linda e pura que seja, não passa de uma ideia, e é próprio das ideias existirem apenas no pensamento. O corpo tem suas necessidades, que podem ser pensadas, mas pensá-las não é suficiente para satisfazê-las. Camões não termina o poema como escravo do corpo, mas retoma o amador por inteiro, dizendo-se feito “de vivo e puro amor” que “como matéria simples busca a forma”. Não é seu corpo que é “matéria simples”, mas toda a sua pessoa,que anseia transformar-se naquilo que ama. Nos

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