Antropologia
Gabi fez uma cara de quem não escutou direito e perguntou:
- Etno o quê?
Maria respondeu:
- Etnocentrismo!
Pedro retomou a palavra e falou:
- O etnocentrismo é caracterizado por distorções que fazemos do outro, daqueles que são diferentes de nós tanto no plano intelectual, expresso na dificuldade de pensarmos o diferente, quanto no plano afetivo, gerando medo, hostilidade, estranheza, por exemplo. Esse fenômeno não é exclusivo de uma determinada época ou de apenas algumas sociedades (ROCHA, 2004). Por isso, podemos observar no esquema da Maria que, em diferentes períodos históricos, há uma forma etnocêntrica de caracterizar o diferente do ‘eu’, isto é, o ‘outro’.
O professor confirmou a fala de Pedro e disse, citando Lévi-Strauss (1993, p.334):
A humanidade cessa nas fronteiras da tribo, do grupo linguístico, às vezes mesmo da aldeia; a tal ponto, que um grande número de populações ditas primitivas se autodesignam com um nome que significa ‘os homens’ (...) implicando assim que as outras tribos, grupos ou aldeias não participam das virtudes ou mesmo da natureza humana mas são, quando muito, compostos de “maus”, de “malvados”, de “macacos da terra” ou de “ovos de piolho” (...).
Maria com um ar pensante, disse:
- Ah! É isso mesmo! Isso que o antropólogo observou nessas tribos indígenas nós podemos observar em nossa sociedade, em nosso meio, isto é, em nossas atitudes frente a outros grupos sociais com os quais convivemos nas grandes cidades. São ideias e atitudes geralmente repletas de etnocentrismo: ‘as mulheres’, ‘os negros’, ‘os nordestinos’, ‘os gays’, ‘as dondocas’ etc. Isso nos faz rotular e aplicar estereótipos por meio dos quais nos guiamos para o confronto cotidiano com o diferente, transformando “a diferença pura e simples num juízo de valor perigosamente etnocêntrico”