antropologia

Fichamento- Strathern, M. Fora de Contexto: as ficções persuasivas da antropologia

Apresentação
Em que medida o propósito da antropologia pos moderna de dar voz ao “outro” não serve antes a sua autolegitimação? Em que medida aquilo que se anuncia como uma revolução radical da disciplina pode representar um movimento de preservação das antigas estruturas de poder? O que a forma e o estilo da escrita antropológica tem a dizer sobre os projetos de conhecimento aos quais se vinculam? O que está implicado na aproximação da escrita etnográfica com a ideia de ficção? P 9
Strathern discorre sobre as rupturas que se dão no plano da escrita antropológica, a fim de contar uma historia em que o passado é inevitavelmente uma criação do presente da disciplina. No recuo do primeiro “abismo”, Frazer torna-se uma criação de Malinowisk para as gerações posteriores; o que permite separá-los é a forma de sua escrita. P 10
Os dois abismos abarcados pelo ensaio nos colocam diante de uma interrogação sobre os mecanismos textuais que permitem aos antropólogos construir os contextos de sua autolegitimação- quer no passado modernista, quer no presente marcado por abalos exponenciais à antiga ideia do tradutor entre culturas, trata-se de entender como esses profissionais representam seus próprios papéis na forma escrita. Não obstante, o texto questionam por meio da mirada retrospectiva , a ideia de raiz modernista de que a função do antropólogo é revelar contextos alheios e, por meio deles, atribuir sentido às práticas e crenças que poderiam parecer mais absurdas ou inaceitáveis para seus leitores. Como indica Strathern, é preciso ir além e compreender não apenas que os contextos são construídos pela escrita, mas o que está em jogo em tal processo de elaboração e em nome de quais interesses um determinado autor produz suas etnografias. Nesse sentido, o recurso a Frazer possibilita abrir espaço para debater as limitações do método [ de malinowisk] a historia se inverte outra vez.