antropologia

1853 palavras 8 páginas
Copérnico e a Tradição Aristotélica
Marco Antonio Franciotti
A concepção de universo do astrônomo polonês Nicolau Copérnico é considerada um divisor de águas na história da ciência. Sua postulação do heliocentrismo, em contraposição à concepção geocêntrica da tradição aristotélica, engendrou os germes da revolução científica moderna. Há, contudo, vários estudiosos que têm procurado sustentar a idéia de que, embora Copérnico tenha rompido com a visão de mundo dominante da época, muitas de suas argumentações em defesa de suas teses acabam via de regra retomando princípios marcadamente aristotélicos. O filósofo da ciência Thomas Kuhn, por exemplo, assinala que é exatamente na ruptura que Copérnico mostra mais claramente sua dependência com relação à tradição. E o historiador da ciência Arthur Koestler, em sua magnífica obra "Os Sonâmbulos", afirma que Copérnico esforçou-se ao máximo para encaixar o movimento da Terra dentro de uma estrutura baseada na física aristotélica. Mas era como encaixar um dispositivo turbo-propulsor em uma velha diligência em ruínas. Copérnico teria sido, na verdade, o último dos aristotélicos entre os grandes homens da ciência.
Em vista disso, é importante retomar as concepções tanto de Copérnico quanto de Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), detectando os pontos de convergência e de divergência entre ambos a fim de avaliar até que ponto ocorre cm Copérnico uma ruptura com a ciência de seu tempo. Segundo o modelo aristotélico, o universo é composto de inúmeras esferas concêntricas (“esferas de cristal”), a menor delas sendo a Terra e a maior, a das estrelas fixas. Cada um dos planetas, o sol e a lua estão contidos numa esfera. A esfera da lua divide o universo em duas regiões completamente diferentes, povoadas de diferentes tipos de matéria e sujeitas a leis diferentes. A região terrestre ou mundo sublunar na qual vive o homem é imperfeita, sujeita a mudanças e variações. A região celeste ou mundo supralunar é eterna, imutável e perfeita.

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