Antropologia

Análise escrita do texto “Observando o familiar” (Gilberto Velho)

As ciências sociais pregam que, diante do objeto de estudo, o observador deve estabelecer uma distância mínima para que a objetividade seja alcançada e o resultado final seja o mais neutro e imparcial possível. A antropologia, no entanto, mostra que o envolvimento no estudo é necessário e isso não configura uma imperfeição – pelo contrário, enriquece a pesquisa. Gilberto Velho prossegue seu trabalho atentando para o sentido semântico das sociedades familiar e exótica. A sociedade familiar é tão familiar assim? E a exótica, é tão exótica quanto o termo sugere? Para responder a estas perguntas, Gilberto relativiza a distância que há entre essas sociedades e a explica em duas: a social e a psicológica. Uma pessoa que vive no mesmo contexto social que outra pode ter diferenças inimagináveis e ter mais complexidades do que parece, ao passo que duas pessoas de sociedades diferentes podem ter afinidades e características em comum que a priori não sugeriam ter. Gilberto cita o exemplo em que, numa universidade nos EUA, almoça com um grupo de norte-americanos, um holandês e um francês. A conversa corre, há sintonia entre eles, há gostos em comum, como filmes e livros.
Um exemplo que também retrata o outro lado é o documentário Edifício Master, de Eduardo Coutinho, que demonstra a heterogeneidade de histórias de vida que convivem num prédio em Copacabana e se esbarram cotidianamente. Mesmo que as pessoas não se conheçam, ou só se cumprimentem, há a tendência de se criar estereótipos que blindam a complexidade do outro no contexto social. Gilberto atribui isso à hierarquização e à distribuição desigual de poder, que contribuem para a criação de rótulos pelos diferentes níveis sociais. Voltando à discussão sobre objetividade, Gilberto destaca que a realidade, sendo exótica ou familiar, não vai se desvincular da interpretação do observador, ao recorte que ele fará, da