Antropologia e moralidade

7688 palavras 31 páginas
ANTROPOLOGIA E MORALIDADE (*)

Roberto Cardoso de Oliveira

As idéias que pretendo desenvolver aqui versarão sobre a moralidade, considerando-a como uma instância suscetível de investigação antropológica. Para viabilizar esse objetivo, penso poder trilhar dois caminhos sucessivamente: um, procurando elucidar o próprio conceito de moralidade em termos que sejam consistentes com as possibilidades de tratamento interdisciplinar; outro, mostrando o quanto o conceito pode ser fecundo para a antropologia em sua aplicação na pesquisa empírica. Ambos os caminhos, entretanto, devem conduzir-nos a um único ponto de chegada: colocar em debate a possibilidade de uma ética válida em escala planetária. E embora procure desenvolver esse tema em torno da questão da etnicidade – tomada como instância empírica privilegiada para a observação dos fatos morais e éticos –, penso que isso não comprometerá o alcance das considerações que pretendo fazer, uma vez que espero que elas sejam de interesse não apenas do etnólogo ou do indigenista, mas que mereçam a atenção também do cientista social lato sensu. Mesmo porque o revigoramento das etnias em todo o planeta, ocorrido nesta segunda metade do século, propõe novas questões à reflexão. Freqüentemente essas questões têm sido formuladas em termos políticos ou econômicos, instâncias indiscutivelmente possuidoras de maior visibilidade. Procurarei trazer essas questões para a instância da ética, procurando relacionar a etnicidade com a moralidade de ações promovidas por Estados nacionais ou à sua sombra, de modo a permitir interpretar essas ações à luz de uma ética com pretensões planetárias, o que equivale dizer, através de uma perspectiva pouco comum à antropologia. A moralidade como problema antropológico O tema moralidade é freqüentemente tratado no âmbito da filosofia; só muito raramente ele tem sido abordado pelos antropólogos. Estes parecem haver delegado o problema moral àqueles (talvez os filósofos) que

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