ANTROPOLOGIA CULTURAL

1. Introdução Uma das principais preocupações da Antropologia foi, e continua sendo, a definição do termo “cultura”. Essa preocupação deve-se ao fato de que em torno desse conceito é que se estrutura todo o estudo do homem. A escolha do tema “cultura”, além dessa importância central para o estudo da antropologia, nasce da grande relevância da antropologia cultural e sua conceituação de cultura para o desenvolvimento da ciência jurídica e da própria operação do Direito. Antes de pôr a questão da normatização o jurista deve ser capaz de analisar objetivamente a realidade social e a explicar a sua sistemática segundo ciências de ordem propedêuticas, como a antropologia. Segundo Miguel Reale, o Direito é uma ciência cultural normativa e objetiva que busca no que acontece de fato na vida social postular um fim a ser atingido, através de normas e regras, que em última instância é a justiça. É um produto cultural. O Direito, como um aspecto da cultura, lida com o ser humano e ocupa-se, predominantemente, em regular e resolver os conflitos decorrentes das relações sociais. A Antropologia, por sua vez, tem por objetivo buscar compreender, através de instrumentos interpretativos, os homens e sua cultura. Essa ciência traz importantes ferramentas para se definir o que somos a partir da imagem que temos do outro. Dessa forma, o pensamento antropológico e o estudo da cultura assume importante papel para proporcionar uma ampliação e uma melhor compreensão sobre o homem e, assim, sobre o papel do Direito nas relações sociais. Esse estudo se insere na própria “tomada de consciência” do jurista abordada e valorizada por Dussel para que saiamos ou pelo menos nos afastemos da “posição natural”, a posição perdida do homem (e do jurista) no mundo.

2.1. Cultura e seus múltiplos conceitos A cultura é um termo bastante vasto e complexo onde até então não se chegou a um consenso sobre sua definição. É possível contabilizar algumas dezenas de conceitos de cultura presente na