Anton Tchekhov e o Pôr do Sol

492 palavras 2 páginas
Anton Tchekhov e o Pôr do Sol
Por Luciano Loureiro

Quando penso em Tchekhov, ou melhor, nos tempos dramáticos de suas peças, a imagem que sempre me vem é a do tempo - que aparentemente não se move - do Pôr do Sol... Fenômeno cotidiano, mas possuidor de uma sutileza e força que ultrapassa a mera forma exterior do momento, das circunstâncias.
O Pôr do Sol - sua apreciação - assim como a dramaturgia de Anton Tchekhov, não se apresentam como mera forma exterior, mas como algo que se liga intimamente à sua própria essência, exigindo de nós um tempo... Construindo vagarosamente... Um tempo do olhar e de se sentir...
Mas exatamente que tempo seria esse?
Aquele tempo que raramente nos concedemos. O tempo da respiração lenta e profunda, da contemplação, do ver realmente o que se passa, da entrega e temperança. Na dramaturgia de A. Tchekhov esse tempo se faz presente e necessário para que certa atmosfera se instaure, chegue perto, lentamente, sem fazer muito barulho. Às vezes, ou quase sempre, pesada, colorindo, melancolicamente, as cenas, os lugares e as pessoas que ali habitam. Pessoas reflexivas, que vão desenhando paulatinamente um estado interior, as características, as mentalidades, o comportamento.
Tudo devidamente temperado, misturado pelo conflito. O pensamento guiando cautelosamente os movimentos da alma e encontrando o silêncio...
Se o intelecto é suscitado, então a emoção e o pensamento são coagidos a entrar neste jogo. Um jogo radical, profundo, subterrâneo, de ações confinadas e doloridas. Um jogo que parece ser refém da palavra.
No realismo o “texto” parece ser de suma importância, ...será?

Então, o que dizer da solidão que invade a vida dessas pessoas que habitam esse lugar (in)definido pelo autor? Desta sensação de isolamento que cerca e aprisiona a todos sem condescendência? Um sentimento de solidão que não se revela apenas pela temática, mas em diálogos surdos, frequentemente dissolvidos em uma espécie de monólogo. Onde

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