Antes do Abade de L'Epée

1602 palavras 7 páginas
O mais longe que as fontes nos permitem recuar é à Antiguidade e à civilização egípcia. Segundo Berthier (1827) na civilização egípcia, os surdos eram adorados como deuses já que a população acreditava que os surdos transmitiam mensagens secretas dos deuses ao faraó e este transmiti-as ao povo, servindo o surdo de mediador entre os deuses e os faraós. Embora existisse um aproveitamento do surdo por parte do faraó para legitimar o seu poder, o surdo conseguia ter uma boa situação social já que eram temidos e respeitados pela sociedade.

O mesmo não aconteceu na época clássica. O filósofo Aristóteles, em 355 a.C. defendia que os que nasciam surdos, por não terem linguagem eram incapazes de raciocinar. Os surdos eram pessoas sem direitos já que não eram úteis à Polis e muitas vezes eram condenados à morte ou marginalizados juntamente com os doentes e os débeis mentais (Berthier, 1827). No entanto, em 360 a.C., o filósofo Sócrates considerou que era lógico e aceitável que os surdos comunicassem naturalmente utilizando as mãos, a cabeça e outras partes do corpo por estarem privados da audição. Podemos, assim, constatar que a forma de encarar a pessoa surda diferia não só entre as sociedades como entre os indivíduos.

Os romanos, muito influenciados em vários aspectos pelos gregos, também, viam o surdo como um ser demasiado imperfeito para pertencer a uma sociedade que perseguia a perfeição física e intelectual. Lucrécio escreveu um poema na sua obra Natureza das Coisas, em 30 a.C. referindo que os surdos não podiam ser instruídos nem a sua inteligência ser ensinada. No entanto, como em todas as sociedades, sabemos que o poder económico e o estatuto social fazia com que algumas pessoas fossem privilegiadas em relação a outras. Plínio, na sua obra História Natural (70 d.C.) refere-se a um Quintus Pedius, artista surdo bastante talentoso, filho de um cônsul romano que necessitou de uma autorização especial do imperador César Augusto para desempenhar a sua profissão.

Relacionados

  • Karoline Freitas Tec. Enfermagem
    769 palavras | 4 páginas
  • Charles-michel de l'épée
    645 palavras | 3 páginas
  • ATPS
    682 palavras | 3 páginas
  • Sers humanos
    1689 palavras | 7 páginas
  • Língua de sinais
    6406 palavras | 26 páginas
  • Libras no Brasil
    1512 palavras | 7 páginas
  • libras
    3151 palavras | 13 páginas
  • Historia dos surdos
    1152 palavras | 5 páginas
  • A REVOLUCAO FRANCESA E AS REPERCUSSOES NA EDUCACAO DE SURDOS
    5767 palavras | 24 páginas
  • Libras
    6221 palavras | 25 páginas