Antero quental
Ao invés dos países desenvolvidos, as relações económicas com o exterior têm na sociedade portuguesa um peso relativo crescente e superior ao normal.
Assim, a capacidade de canalizar recursos e apoios externos para a materialização de estratégias internas constitui um sinal de disfunção, quer seja de forma visível e reconhecida formalmente em tratados, quer seja de forma permanente e não reconhecida legalmente
A disfunção para além da dimensão externa tem uma acção fundamental em termos internos, relativamente às regras de funcionamento da sociedade portuguesa, na origem dos seus processos de transacção entre modelos económicos e estruturas políticas.
Todavia, as pressões do exterior, geralmente, fazem cair e mudar os regimes, e como forma de ultrapassar as crises recorrem à obtenção de apoios e recursos externos a vários níveis, aos quais origina contrapartidas nem sempre visíveis, a título de exemplo, o autor referência a forma como Inglaterra contribui para afastar as invasões francesas. Assim, esta tem sido uma prática observada ao longo dos vários séculos.
Contudo, em certos casos a canalização de tais recursos é tão pouco visível. Relembra a política financeira de Salazar em 1928 que consistia em obter o retorno das remessas de emigrantes nos últimos quarenta anos, o que contribui para a estabilidade do Estado Novo, exemplificando com a situação da balança comercial portuguesa desde 1807, correspondente ao período que a corte se retirou do Brasil perante a ameaça do exército de Junot. A partir daí, a balança comercial apresentou-se sempre negativa, com a excepção de três anos durante a Segunda