Anseios e Sufocações
Me sinto sufocado. Preciso de um lugar para fugir. Um lugar alto. Tem dias que acordo sem vontade de acordar. Tem dias que quero fugir. Um lugar para me esconder. Eu procuro por todos os lados e não vejo nada. Não quero uma nutrição. Quero me sentir nutrido. Quero correr. Quero voar. Desmembrar estas correntes que me cercam. Quero estar longe das paranóias dos seres humanos. Longe de suas doenças mentais. Me sinto com a corda presa no pescoço na beira de um precipício. Se for para continuar assim eu prefiro me jogar. Sua paranóia me sufoca. Me aborta. Sua paranóia me anula. Suas crenças são psicóticas. Nada disso faz sentido para mim. Querem me fazer acreditar que existem barreiras e muros intransponíveis. Querem me entupir de culpas em suas utopias de desgraças. Então me sinto como se meu corpo fosse ficar miúdo. Encolhido. Devorado pelo mundo. Me sinto um estranho na rua. As pessoas que conheço, não conheço mais. Não sei quem são. São estranhos. Falsos e destruidores. Querem devorar o meu bem. Sugar minha alma até a ultima gota. Tenho a sensação de estar sendo esmago por um trator. Meu espírito se contorce dentro de mim. Sinto anseios. Tenho sentimentos explodindo dentro de mim. Amor, ódio, medo. Uma agonia que rasga as paredes do meu estômago e pressiona os pulmões de maneira que não consigo mais respirar. Não consigo estar perto de mais ninguém. Sinto ódio por todos.
Estou preso em um mundo lá fora. Trancado e esquecido fora de casa. Os caminhos que percorro são estreitos e escuros. Paredes sussurram em minha volta. Ouço risos e gritos.
Você veio de onde? A única coisa que posso ouvir agora é o silêncio. Sinto desejo por gritar. Eu grito. Berro. Esmurro todas as paredes até sentir dor. Até minhas mãos sangrarem. Cacos de vidros rasgam a sola dos meus pés. A dor que sinto é um grito de morte. Me sinto como um sol beijando o mar. Alguém que grita de maneira silenciosa. Ofuscado pela água salgada de minhas lágrimas