Anamnese

O que se espera do psicólogo?
Discursos e saberes de uma prática ainda pouco definida
Fabia Monica Souza dos Santos1
Leandra Sobral Oliveira2
O que se espera do Psicólogo? A indagação mais coerente e justificada que um aluno de Psicologia pode se fazer durante o seu curso de graduação é justamente esta, acerca da prática do Psicólogo. Mais do que isso, tais questionamentos costumam circular pelo que podemos compreender como fenômeno psicológico.
Onde podemos inserir a Psicologia (se é que devemos inseri-la em algum lugar...)? Como nos livrar das ‘pendências naturalizantes’, como tão bem ressalta
Bock (1997), que ainda insistem em elencar a Psicologia como uma ciência natural e não como uma Ciência Social, e que nos ofuscam na articulação de um novo modelo de ciência que contemple o saber e a prática do Psicólogo?
A concepção sócio-histórica em Psicologia nos aponta alguns caminhos nessa reflexão (Bock, 1997; Santos, 2001; Seidl de Moura, 1996; Vasconcellos &
Valsiner, 1995; Vygotsky, 1998). Segundo a perspectiva Sociocultural, o Homem é um ser ativo, social, cultural e histórico, que se articula com os outros indivíduos através dos recursos materiais e culturais de que dispõe, utilizando como elemento mediador fundamental nessa interação a linguagem. E é exatamente essa linguagem que nos serve de instrumento privilegiado para a delimitação da prática psicológica como locus de análise e intervenção nas interações sociais vivenciadas que nos constituem.
Por estar em permanente movimento e interação com o outro, esse Homem cria sua própria história e as ferramentas para intervenção no mundo. Por não apresentar uma determinação que modele o Homem de uma maneira préprogramada, a abordagem sócio-histórica desconstrói a idéia de natureza humana.
Fala, sim, de uma condição humana que não é dada a priori, revelando que as bases biológicas hereditárias apresentam grande relevância na medida em que apenas servem de sustentação para o