Analise do poema "Cinco Sentidos" de Garret

O sujeito lírico no poema de Garret “Cinco Sentidos” descreve a amada, conforme o título sugere, através da visão, audição, olfato, paladar e tato. Para isso, o autor começa apresentado a visão na primeira estrofe, e continua a enumerar cada sentido no restante do poema, dedicando uma estrofe para cada, na mesma ordem citada anteriormente. Uma vez que todos os seus sentidos voltados à figura femininas, ele se torna insensível ao mundo exterior, ou seja, é cego, surdo e incapaz de sentir o toque, cheiro ou sabor de qualquer outra beleza se não a da mulher (seja da beleza flores, ao canto do rouxinol, o aroma do incenso e etc.). Por isso, a antítese se torna uma figura de linguagem fortemente presente no decorrer do poema. O poeta assume um tom exagerado, colocando a beleza dessa mulher acima das belezas da natureza nas três primeiras estrofes.
Apesar de não haver nenhuma representação explicita do ato sexual, o poema assume um caráter erótico, envolvendo o leitor nas figuras que convertem sobre a imagem da mulher, de uma forma bastante carnal. A repetição dos termos finais em cada estrofe, bem como interjeições como as feitas na primeira linha da segunda estrofe “ai!”, demonstram o tom e ritmo do ato sexual. Apenas a partir da quarta estrofe, temos uma representação mais clara do amor físico, ilustrado pelos pomos saborosos, beijos, toques e carícias.
Primeiramente, o autor segmenta os sentidos, caracterizando e exemplificando-os em cada estrofe, e ao fim os reagrupa, quase de forma sinestésica, os tornando difíceis de separar, criando uma sensação única. O ato sexual também culmina nessa última estrofe, onde ocorre a penetração e a expressão do gozo, numa sensação antagônica de vida e morte em um único ato por ele representado como “Em ti a minha sorte,/ A minha vida em ti;/E quando venha a morte./Será morrer por ti.”. É interessante destacar, que em nenhum momento o autor deixa claro que essa satisfação é mútua, aliás, ele a demonstra de forma até mesmo