AMOR À FLOR DA PELE E SUAS MIL IMPRESSÕES

AMOR À FLOR DA PELE E SUAS MIL IMPRESSÕES

Um filme com cara de Memórias de uma Gueixa e com desfecho de fazer com que o espectador não pisque os olhos, essas são as impressões mais marcantes que pude ter sobre Amor à flor da pele. Wong Kar-wai desconstruiu qualquer ideia ou conhecimento que já pude ter sobre adultério, e não somente isso, mas sobre romances e sobre finais para filmes, de uma maneira delicada e instigante durante toda trajetória. De um lado uma mulher jovem, secretária (Srª Chan – com atuação de Maggie Cheung ), Do outro um homem também jovem, jornalista (Sr. Chow – com atuação de Tony Leung ) que se não fossem pelas circunstâncias nunca se encontrariam, mas naquela época a China passava por uma revolução cultural que acarretava mudanças em muitas famílias, era então comum que famílias alugassem quartos em casas de desconhecidos, e, por coincidência, ou não, os dois mudaram-se na mesma noite e para o mesmo lugar. Ambos eram casados e seus conjugues viajavam constantemente, o que passou a gerar desconfianças e a criar um laço estranho entre Chan e Chow. Em contrapartida, Chan ajudava seu chefe a driblar quaisquer vestígios de que ele era infiel à sua esposa, auxiliando-o não somente em suas obrigações como secretária, mas na compra de presentes para sua esposa e amante. Ao dizer em determinado momento que “podem ser as mesmas coisas já que não faz mesmo diferença” acaba sendo irônico o desfecho a seguir, em que os dois percebem que as bolsas de Chan e da esposa de Chow eram iguais, então subitamente surge a certeza de que seus conjugues eram amantes. Contudo, Wong não nos dá total certeza de que Chan e Chow tornam-se também amantes, evidencia e ao tempo em que faz isso nos traz reações, como o não toque entre os dois durante grande parte do filme, seja nas cenas da escada ou nas esquivas do corredor de seus quartos. Gera, ainda que não em primeira observação a dúvida se os companheiros infiéis já não eram amantes antes de se mudarem juntos