Ambiental

De catadores para agentes ambientais

Todos os dias, a catadora de recicláveis Eliane Maria de Jesus Pereira, de 40 anos, sai cedo para o trabalho em Mesquita, cidade de 185 mil habitantes situada na Baixada Fluminense (RJ). Veste seu uniforme, luvas, botas e óculos de proteção, pega seu carrinho e vai de porta em porta recolhendo os materiais separados pelos moradores. Essa rotina é nova para Eliane. Até pouco tempo atrás, ela cumpria a mesma jornada, mas de um jeito diferente. Puxava uma carroça improvisada e, sem qualquer equipamento de segurança, percorria as ruas revirando as lixeiras para achar o que poderia ser aproveitado.
Eliane é uma entre os 70 catadores engajados no Programa de Coleta Seletiva Solidária implementado pela prefeitura de Mesquita. “Agora, somos agentes ambientais. A população respeita o que a gente faz. Isso é bom para todo mundo. Consigo sustentar minha casa, cuidar dos meus filhos e de mim. Já fiz a matrícula para voltar a estudar. Fiz só parte do primeiro grau e meu sonho é concluir o colegial”, diz ela. Sua história é um exemplo de como uma política pública participativa pode transformar a vida das pessoas – e toda uma comunidade.
Emancipado em 1999, Mesquita é o mais novo município do Rio de Janeiro. Ocupa 42 quilômetros quadrados e tem 60% de seu território em uma área de preservação ambiental. É porta de entrada para o geoparque de Nova Iguaçu, território de valor geológico, ecológico, histórico e cultural com potencial para atividade turística.
Com uma malha urbana densamente povoada, a cidade não possui espaço para aterro sanitário e envia diariamente cerca de 160 toneladas de resíduos sólidos ao aterro controlado de Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), o que gera um alto custo aos cofres públicos (dados de 2008).
Em 2005, a prefeitura resolveu enfrentar o problema. Iniciou o Programa de Coleta Seletiva Solidária, que se tornou uma referência na região, inspirando outras ações para solucionar um dos mais sérios problemas da