Alguns aspectos ligados à infecção cirúrgica em âmbito hospitalar
Sérgio Martins Pandolfo*
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O grande desenvolvimento hoje alcançado pela cirurgia só se tornou possível depois do que se convencionou chamar de Era Bacteriológica, iniciada em torno de 1880 com os trabalhos pioneiros de Louis Pasteur e Roberto Kock, que elaboraram a teoria dos germes e com a qual demonstraram, de maneira indesmentível, a origem microbiana das doenças infecciosas, derrogando, definitivamente, as teorias até então aceitas e acreditadas, do contágio, dos miasmas e da geração espontânea, tornando-se, assim, os fundadores da bacteriologia. Antes desses conhecimentos, atualmente tão comezinhos e inquestionáveis, as intervenções cirúrgicas eram realizadas dentro de um empirismo hoje estarrecedor, pois que, sobre a mesma “pedra” que servia às dissecações anatômicas e às necropsias realizavam-se as intervenções cirúrgicas e os cirurgiões da época, ao praticá-las, utilizavam-se de uma sobrecasaca que cobria as mesmas roupas com que estavam vestidos – mais para defendê-las do sangue e outros fluidos orgânicos durante a operação que para isolá-las – que servia, ademais, para limpar as mãos e os instrumentos de toda sujidade (sangue, pus, urina, fezes, etc.) e conferiam ao operador que a usava notabilidade tanto maior quanto mais vasta e espessa a camada de matérias orgânicas ressequidas que ela exibisse. Assim, a infecção era constante e a supuração que sucedia a toda intervenção cirúrgica era considerada normal e até mesmo tida como benéfica – “o pus benfazejo” – desde que não degenerasse em “febre traumática”, erisipela ou gangrena. Com a descoberta dos microrganismos e de seu papel na produção e transmissão de doenças surgiu a noção de cirurgia antisséptica, que teve em Lister seu introdutor, empregando ácido carbólico (fênico) para curativos, para a desinfecção de instrumentos e para a vaporização do ar ambiente das salas operatórias, conseguindo baixar a