ALEXANDRE ONEILL

780 palavras 4 páginas
Alexandre O’Neill

Análise do poema “Há palavras que nos beijam”, de Alexandre O´Neill

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'

Alexandre O´Neill: a estética surrealista O poema "Há palavras que nos beijam", de Alexandre O´Neill, é composto de cinco estrofes, de quatro versos livres, com rimas cruzadas e algumas órfãs. Há figuras de efeito sonoro, como aliteração. O texto é bastante simples, de linguagem coloquial e de fácil entendimento. No sintático, temos a presença de períodos curtos. O único verbo presente no texto sofre diversos complementos. No plano semântico nota-se uma figura de similaridade, comparação ou símile, presente no primeiro verso: Há palavras que nos beijam/Como se tivessem boca... A antítese insere-se no discurso. No primeiro verso do poema é possível ler que existem palavras que são para nós verdadeiros beijos de esperança porque chegam de gente sincera, que reconhecem em nós muito mais do que aquilo que pensávamos ser. Aqui, sim, “as palavras de amor, de esperança louca” dão-nos a força necessária para erguer a cabeça, no momento em que pensamos que já não há mais nada a fazer. Por isso mesmo, o adjectivo “louca” é usado para realçar a ideia do poder das palavras, ao transmitirem sentimentos fortes, e aquilo que podem fazer despertar a quem as escuta. Assim concluímos que o poeta, ao comparar as palavras ao beijo e à esperança, parece querer transmitir a força que estas apresentam, já que, como o

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