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963 palavras 4 páginas
5.
Machado de Assis inventou um defunto empenhado em recompor seus dias mediante um livro de memórias: o que existe é uma cabeça agitada por lembranças e pensamentos. Brás Cubas é um momem muito pouco sistemático para compor uma história segundo as regras do gênero. Além disso, acha-se em estado de euforia pela chegada da morte, o que lhe tira o equilíbrio para uma reconstituião ordenada da vida. Mas de qualquer forma, ele manda, lá do outro mundo para este, capítulos estranhíssimos nos quais fala de si como condição para falar dos outros, sendo um fofoqueiro sutil e contundente. Seus escritos formam um livro de fofocas póstumas com grande diferença das fofocas dos vivos: á medida que difama os amigos e inimigos, acusa ainda seus próprios defeitos e revela tudo de si, porque, sendo um morto, não dependia mais da opinião de ninguém.
O narrador faz do livro um espelho de sua alma. Brás Cubas preserva, apesar de defunto, qualidades de milionário. Passou por quase todas as experiências da vida, inclusive a da morte, daí parte o encanto de seu relato.
Passando para o além, o personagem preocupa-se com o mundo dos vivos. Na morte não se interessou em nenhuma das alegorias que interessam aos homens: Deus, anjos e demônios. Nada no além superou seu interesse pelos vivos.
Então, para se distrair do tédio que é a eternidade, Brás Cubas inicia, por escrito, a narração da sua vida, certo de que, não sendo mais necessário manter as aparências, pode contar tudo sobre si mesmo. Quando era vivo, porém, jamais dizia a verdade, sabendo que ela era incompatível com as vantagens. Em primeiro lugar, ele conta que, quando a morte chegou por meio de uma pneumonia,ele estava em pleno processo de invenção de um medicamento que aliviaria todos oos males da "nossa melancólica humanidade", transformando-o num milionário excêntrico, inteligente e culto, o Emplasto Brás Cubas. Antes ainda de contar os seus primeiros anos, Brás Cubas narra o delírio que teve na hora de morrer: montado num

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