ADORNO

ADORNO E O ENSAIO COMO FORMA

Em oposição às pretensões totalizantes e esquemáticas do método científico, o ensaio pretende, de acordo com o teórico frankfurtiano, ser um convite às formas criativas de reflexão, captando, assim, o movimento do pensar.

Este trabalho é baseado no texto de Theodor W. Adorno intitulado "Ensaio como forma", escrito em 1954. Para Adorno, o ensaio se mostra capaz de possibilitar novas formas de expressão e de pensamento. Por sua ruptura com aquilo que é mais caro ao método científico, a saber, a busca por uma verdade totalizante e final, o ensaio, por sua vez, abre-se para novos sentidos e interpretações ainda não vislumbrados. Se a vida não se determina por regras puramente lógicas, por que haveríamos de acreditar que a verdade se encontra somente nos modelos e conceitos unificadores e totalizantes dados pelo método científico? Podese afirmar, logo de início, que, segundo Adorno, o ensaio aproxima-se mais de uma verdade que reconhece o movimento da vida do que da busca de uma verdade cristalizada pela abstração de um discurso final e definitivo.

O ensaio distingue-se, antes de tudo, pelo distanciamento do movimento finalista de pensamento, que tem como objetivo atingir um campo de certeza absoluto. Todo seu percurso se faz pela marcha do pensamento que não busca um solo puramente lógico, abstrato e indiferente à experiência, fundamentando verdades universais e necessárias ou coisas do gênero. O ensaio, ao contrário do pensamento dogmático, parte da experiência própria de cada um. Porém, é importante perceber que toda experiência individual é, por natureza, mediada por uma experiência histórica mais abrangente. Nas palavras de Adorno: "(...) a experiência meramente individual, que a consciência toma como ponto de partida por sua proximidade, é ela mesma já mediada pela experiência mais abrangente da humanidade histórica".

Esse valor dado à experiência pelo ensaio se fundamenta naquilo que realmente move