Aborto

A colonização do útero por parte do Estado.

A criminalização do aborto, além de ser perverso e cruel com as mulheres, num momento absolutamente delicado numa decisão que lhe cabe, é completamente ineficaz. Hoje, a prática do aborto já é a quarta causa morte das mulheres no Brasil.Tratar o aborto de forma penal, tratar o aborto através da segurança pública, e não como saúde pública, tem como resultado a morte e a ampliação do preconceito. O aborto no Brasil não é proibido pra quem tem dinheiro, existe uma camada conservadora hipócrita que se diz contra, mas quando suas filhas , menores de 18 anos, engravidam, o que é que eles fazem? Qualquer pessoa que tenha dinheiro consegue fazer um aborto descente, numa clínica descente, e não vai morrer ou sofrer sequelas em decorrência disso. E as mulheres dos subúrbios e periferias, de classe social baixíssima, gritam para quem? Recorrem a quem? Evidentemente que se deparam com as clínicas clandestinas sombrias, onde a higiene é terrível, os métodos são grotescos, não há pessoas preparadas para tal. Essas pobres mulheres ficam sujeitas à morte. O debate sobre o aborto não deve ser cravado sobre a moralidade, tampouco por viés religioso.
Com relação ao viés religioso – eu particurlarmente respeito as pessoas que não são a favor do aborto e que não optam, por que não precisam (diga-se de passagem), fazer um aborto. Mas acontece que o Estado é laico e existem outras pessoas que não acreditam que o aborto seja uma prática criminosa e por essa e outras razões deve-se dar o direito a mulher de decisão. Não se pode impor um pensamento único a todos, isso é de um autoritarismo da pior espécie. Aqueles que são contra virtuosamente, veemente, moralmente, religiosamente etc, que não o façam. Mas os outros que gritam urgência carecem de uma solução para esse problema. Condenar uma menina às garras de uma "clínica" clandestina pra fazer um aborto na condição mais precária que se