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CAPÍTULO 3

“O que é verdade para as fotos é verdade para o mundo visto fotograficamente. [...] A fofografia acarreta, inevitavelmente, certo favoritismo da realidade. O mundo passa de estar “lá fora” para estar
“dentro” das fotos.”
Susan Sontag

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Foto¨ 1: Bianucci-ITA

Foto¨ 2: Terenti-ITA

Foto¨ 3:Edite-SP

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3. APAREÇO, LOGO EXISTO

3.1. “Olha o passarinho!”: o surgimento da imagem fotográfica

Figura 1: Caixa para guardar fotografias

A fotografia encontrou força no espírito da modernidade para ganhar conhecimento público. A Câmera Escura e as lentas trazem desde a Antiguidade um caráter mágico e polêmico. Podia recriar as coisas, prender as almas e ainda continha implicações de verdade.
A própria “Alegoria da Caverna” de Platão, onde as pessoas que estavam dentro de uma caverna viam somente as sombras da realidade forjadas na parede com o auxílio da luz do sol, é considerada para muitos como surgimento do fundamento fotográfico e das reflexões sobre a tecnização da sociedade. Há quem fale que a câmera escura se deve ao chinês Mo Tzu
(século V a.C.), aparecendo novamente com um erudito árabe Ibn al Haitam, o Alhazem, ao observar um eclipse solar (fim do século I). No século XV, Leonardo da Vinci já recorria a ela como auxílio à pintura.

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Figura 2: Câmara Escura de mesa, 1820

Figura 3: Reprodução da primeira ilustração publicada da Câmara Escura, 1545

A representação da visibilidade era um desejo crescente da sociedade moderna, principalmente daquela que ascendia e necessitava mostrar aos outros essa ascensão econômica e social. Esse fato tornou possível o sucesso do invento de Niépce e Daguerre.
Obviamente os estudos da física óptica e da química já vinham se aperfeiçoando, como os experimentos do cientista italiano Ângelo Sala (1604) com o nitrato de prata exposto ao sol, do professor de anatomia Johann Heirich Schulze (1727) que descobriu que o ácido nítrico, a prata e o gesso se escureciam com a

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