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EDIÇÃO
Diálogo com Anísio Teixeira sobre a escola brasileira
Zaia Brandão
Palavras-chave: Anísio
Teixeira; escola pública; política educacional.
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 80, n. 194, p. 95-101, jan./abr. 1999.
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Anísio Teixeira foi um dos educadores que esteve envolvido na verdadeira cruzada pela construção de sistemas escolares públicos, expressa no movimento das reformas estaduais das décadas de
20 e 30. Ele foi um dos signatários do
Manifesto da Escola Nova (1932) que dirigido ao povo e ao governo delineava todo um programa de renovação da educação escolar, que deveria responder – ajustando-se e direcionando – às transformações sociais decorrentes do processo de industrialização e modernização do País. A escola "tradicional" que servira para a educação das elites seria incapaz de atender às necessidades da maioria da população brasileira, nesta nova conjuntura.
Roberto Moreira, educador que trabalhou diretamente com Anísio Teixeira, ao analisar as características do desenvolvimento da sociedade brasileira, assinala que o Brasil "era ainda um país extremamente inculto e subdesenvolvido" quando do advento da República. No que se refere à Primeira República, enfatiza que nesta ocasião experimentava-se um sentimento da necessidade inadiável da criação de um sistema educacional e de outras instituições culturais, que articuladas com o desenvolvimento urbano social respondiam ao processo de amadurecimento político e social do povo brasileiro (Moreira, 1960).
Fundamentados na experiência das reformas da década de 20 – que mais do que reformas foram tentativas de organizar os primeiros sistemas de ensino público do País – os pioneiros em 1932 afirmavam:
"Em lugar dessas reformas parciais, que se sucederam, na quase sua totalidade, na estreiteza crônica de tentativas empíricas,1 o nosso programa concretiza uma nova política educacional..."
Anísio Teixeira e os demais pioneiros desenvolveram uma crítica sistemática ao sistema escolar pela sua