201236 Epicuro

1044 palavras 5 páginas
Epicuro (341 –270 a C.) “A sabedoria hedonista”

Nenhum filósofo mais que Epicuro foi, sem dúvida, a vítima de contra-sensos tão numerosos e tão tenazes. É preciso tomar cuidado, inicialmente com a célebre “classificação dos desejos, que se encontrará no início deste texto: não é uma classificação, não se trata de dividir os desejos naturais e não naturais, depois os primeiros em desejos necessários e não necessários, porque dividir é escolher, conservar uns eliminando outros. Epicuro não quer dizer que seja preciso, sistematicamente, em todas as ocasiões, privar-se dos prazeres satisfazendo os desejos que não são naturais, ou os que não são necessários, nem convida à escolha sistemática os desejos artificiais difíceis de satisfazer. Não convida ao ascetismo nem à devassidão. O que somente se precisa saber é que não é necessário subordinar a felicidade à posse de bens, aos prazeres refinados que podem faltar porque dependem de circunstâncias acidentais. É preciso adquirir o hábito “de viver de modo simples e pouco custosos”, não por recusa sistemática dos prazeres refinados e raros que podem nos acontecer, mas para não ser o escravo do evento que se nos oferece.
Por que a sabedoria consiste em não depender do acontecimento, que perturba a alma. Donde encontrarmos esta verdade, que o sábio não está diante dos prazeres como um naturalista que os classifica segundo suas propriedades, como objetos que se trataria de reconhecer e de distinguir; a sabedoria nunca vem do exterior pelas coisas, mas sempre do interior pela razão. Os prazeres não são bons ou maus em si mesmos, mas somente em virtude da maneira de gozá-los: boa se não são minados pelo desespero de perdê-los e pela avidez de encontrá-lo, má se se tornaram impuros por esta escravidão ao acontecimento.
“É preciso dar-se conta de que dentre nossos desejos uns são naturais, os outros vãos, e que dentre os primeiros há os que são para a felicidade, outros para a tranqüilidade contínua do corpo, outros enfim

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