1 PROFESSOR NEGRO DO BRASIL

2660 palavras 11 páginas
ENTREVISTA
"Sem paixão a gente não faz nada"
Kabengele Munanga
Renata da Silva Nóbrega, Bacharel em Relações Internacionais(UnB) é mestranda em Sociologia (Unicamp) renata@irohin.org.br Durante pelo menos dez anos, o antropólogo Kabengele Munanga, nascido na República Democrática do Congo (antigo Zaire) e professor titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, foi o único professor negro a lecionar em um programa de pós-graduação em Antropologia no Brasil. Kabengele passou dez anos sem participar das reuniões da Associação Brasileira de Antropologia (ABA). Em 1996, sua proposta de mesa foi recusada pela organização da ABA. Em 2006, a mesa redonda da qual participaria como palestrante só foi aceita depois de um recurso enviado à organização da ABA, que inicialmente havia recusado a proposta. No encontro da 25ª Reunião da ABA, realizado em junho de 2006, em Goiânia, Kabengele foi homenageado como "o decano dos antropólogos negros no Brasil". No dia oito de junho, o professor Kabengele Munanga nos concedeu a entrevista que segue abaixo. A entrevista, portanto, é anterior à II CIAD, o que justifica seu comentário sobre as expectativas acerca da Conferência.
Ìrohìn: Vamos começar pela sua história no Brasil: como você veio parar aqui?

Kabengele: Um pouco de aventura, mas não era uma aventura pura porque a Universidade de São Paulo estabeleceu um convênio de cooperação com algumas universidades africanas. Era um convênio entre a USP e o Itamaraty. O Itamaraty pagava a passagem e a USP dava uma bolsa de estudos de dois anos para terminar o mestrado e para o doutorado. Eu vim com uma bolsa de dois anos pro doutorado. Foi assim que cheguei em 75. Em 77

terminei o doutorado. Voltei para minha universidade mas a situação política era insustentável porque naquela época a gente vivia numa ditadura militar e em todas as ditaduras a opinião crítica que vem da academia não é bem-vinda. Além disso, eu já tinha na minha família

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