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INTERTEXTUALIDADE NA POESIA

Às vezes, a superposição de um texto sobre outro pode provocar uma certa atualização ou modernização do primeiro texto. Nota-se isso no livro Mensagem, de Fernando Pessoa, que retoma, por exemplo, com seu poema “O Monstrengo” o episódio do Gigante Adamastor de Os Lusíadas de Camões. Ocorre como que um diálogo entre os dois textos. Em alguns casos, aproxima-se da paródia (canto paralelo), como o poema “Madrigal Melancólico” de Manuel Bandeira, do livro Ritmo Dissoluto, que seguramente serviu de inspiração e assim se refletiu no seguinte poema:

Assim como Bandeira

O que amo em ti não são esses olhos doces delicados nem esse riso de anjo adolescente.

O que amo em ti não é só essa pele acetinada sempre pronta para a carícia renovada nem esse seio róseo e atrevido a desenhar-se sob o tecido.

O que amo em ti não é essa pressa louca de viver cada vão momento nem a falta de memória para a dor.

O que amo em ti não é apenas essa voz leve que me envolve e me consome nem o que deseja todo homem flor definida e definitiva a abrir-se como boca ou ferida nem mesmo essa juventude assim perdida.

O que amo em ti enigmática e solidária:
É a Vida!
(Geraldo Chacon, Meu Caderno de Poesia, Flâmula, 2004, p. 37)

Madrigal melancólico

O que eu adoro em ti não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si, mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

(...)

O que eu adoro em tua natureza, não é o profundo instinto maternal em teu flanco aberto como uma ferida. nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida. (Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira, José Olympio, 1980, p. 83)

A relação intertextual é estabelecida, por exemplo, no texto de Oswald de Andrade, escrito no século XX, "Meus oito anos", quando este

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