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TRABALHO NA VELHICE - UMA RELAÇÃO POSSÍVEL? Serafim Fortes Paz

É estranho que a gente comece a ver esmaecidamente o rosto das coisas que estão perto, exatamente quando a experiência começa a nos ensinar a ver melhor as coisas de longe. Afonso Romano de Sant'Anna

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Tratar da relação velhice e trabalho nos parece uma tarefa difícil. Mais difícil ainda é tratá-la em sociedades cujo modelo de relações sociais se baseia na produção capitalista. Nessa perspectiva, onde o modelo exige uma força de trabalho vigorosa e disposição que através dos anos se perde ou se desgasta, mostra-se quase impossível pensar na possibilidade de unir trabalho e velhice.
O trabalho é, sem dúvida, uma necessidade humana e própria dessa condição do homem, no sentido de criação, satisfação ou realização. No entanto, as novas regras e exigências do atual modelo produtivo ocidental fazem com que o trabalho seja substituído por outras formas e rigores, em que vai se tornando labor (ARENDT, 1991).
O trabalho perde o sentido de satisfação humana e se torna uma espécie de fardo ou ação enfadonha que dilapida suas forças. Dessa forma, promove um desgaste maior da capacidade humana, consumindolhe não só o físico mas, também, a alma (CHAUÍ, in BOSI, 1994). O tempo do trabalho vai além da jornada direta do trabalho, ela consome um outro tempo, indireto, em função desse trabalho. Neste sentido, os homens, à medida que envelhecem, vão perdendo cada vez mais e com maior rapidez as forças físicas e a disposição para esse "trabalho". Contudo, embora o desgaste leve a possíveis patologias, velhice não é sinônimo de doença e muito menos de incapacidade. Por outro lado, por conta dos anos vividos e pela intensa dedicação ao trabalho, em geral, por 30 ou mais anos (a grande maioria dos brasileiros ingressa muito cedo nas atividades laborativas) a maior parte dos homens e mulheres de idades avançadas apresentam dificuldades ou doenças.
Há, no entanto, no

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