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1463 palavras 6 páginas
Apesar de inaugurar em 1881 tanto a fase realista de Machado de Assis quanto o próprio Realismo, Memórias Póstumas de Brás Cubas é marcado pelo fantástico e absurdo, a começar pelo título (como memórias podem ser póstumas?) e pela dedicatória (“ao verme que primeiro roeu as carnes de meu cadáver”).

Esses elementos, somados à óptica do narrador, um defunto autor, que analisa tudo de forma sarcástica e isenta, pois está no reino dos mortos, fazem o texto filiar-se a uma tradição literária do início da era cristã e que já havia alimentado outras obras, como o Auto da Barca do Inferno: a sátira menipéia.

Resumo

Brás Cubas, já falecido, conta, do outro mundo, as suas memórias: Expirei em 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Assevera que morreu de pneumonia apanhada quando trabalhava num invento farmacêutico, um emplastro medicamentoso. Virgília, sua ex-amante, que já não via há alguns anos, visitou-o nos últimos dias de vida. Narra Brás Cubas um delírio que teve durante a agonia: montado num hipopótamo foi arrebatado por uma extensa e gelada planície, até o alto de uma montanha, de onde divisa a sucessão dos séculos.
Além dos pais, três pessoas tiveram grande influência na educação do pequeno Brás Cubas: tio João, homem de língua solta e vida galante; tio ldefonso, cônego, piedoso, e severo; Dona Emerenciana, tia materna, que viveu pouco tempo. Brás passou uma infância de menino traquinas, mimado demasiadamente pelo pai. Aos dezessete anos apaixonou-se por Marcela, dama espanhola, com quem teve as primeiras experiências amorosas. Para agradar Marcela, Brás começa a gastar demais, assumindo compromissos graves e endivida-se. Marcela gostava de jóias, e Brás procurava fazer-lhe todos os gostos. Marcela amou-me, diz Brás Cubas, durante quinze meses e onze contos de réis. Quando o pai tomou conhecimento dos

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